Diretor do CEAM/UnB: Mário Lima Brasil
Coordenadora do OPOinfâncias: Maria Lúcia Pinto Leal
Coordenadora Geral da Pesquisa: Vanessa Maria de Castro
Relatório Geral da Pesquisa: Povos Originários e suas Infâncias no Brasil
Coordenação do OPOinfâncias: Maria Lúcia Pinto Leal
Coordenação Geral da Pesquisa: Vanessa Maria de Castro
Este relatório apresenta um resumo das atividades realizadas no âmbito da pesquisa. Toda a equipe contribuiu para sua elaboração, e os detalhes específicos serão descritos em cada relatório individual.
A pesquisa Povos Originários e suas Infâncias no Brasil nasceu em 2022 a partir de uma inquietação da deputada Érika Kokay sobre as condições de vida das crianças indígenas no Brasil. A preocupação com a gravidade da situação dessas crianças levou à criação do OPOInfância, que, em parceria com o CEAM e o Violes, assumiu a responsabilidade de conduzir a pesquisa, com o objetivo de entender as especificidades e desafios enfrentados pelas infâncias indígenas no país. Esse projeto foi concebido para ser colaborativo e integrador, com a intenção de ouvir e incluir as comunidades indígenas em todas as etapas da pesquisa.
Desde o início, a pesquisa foi estruturada de forma participativa, envolvendo 125 pesquisadores, dos quais 84 eram indígenas e 41 não indígenas. Essa composição reflete a pluralidade do projeto e a vontade de construir um saber coletivo, onde as vozes das comunidades estivessem no centro da investigação. Os pesquisadores indígenas desempenharam um papel crucial, não apenas na coleta de dados, mas também na construção e análise das informações, garantindo que as particularidades de cada povo fossem respeitadas e integradas ao conhecimento gerado.
A metodologia adotada foi cuidadosamente desenhada para respeitar as especificidades culturais e as realidades locais das comunidades indígenas, permitindo uma análise mais profunda e sensível das condições de vida das crianças indígenas em diferentes contextos. Este trabalho não se limitou à simples coleta de dados, mas buscou compreender as experiências e os relatos das próprias comunidades, respeitando e incorporando suas formas de saber e suas visões de mundo. A pesquisa integrou abordagens e linguagens diversas, criando uma nova gramática de pesquisa social e epistemologia, onde o conhecimento acadêmico se entrelaça com as cosmovisões indígenas.
O resultado dessa pesquisa foi a produção de 12 documentos escritos, totalizando 2.276 páginas, além de uma Biblioteca Virtual que complementa e expande os produtos gerados. Esses relatórios abordam as condições de vida das crianças indígenas, seus desafios diários e as violações de direitos que enfrentam, mas também apresentam as lutas e as propostas de soluções que emergem diretamente das próprias comunidades. Cada relatório é, portanto, um esforço coletivo que reflete a contribuição tanto dos pesquisadores indígenas quanto dos não indígenas.
Cada um dos 12 produtos é uma coautoria, sendo o reflexo de um trabalho conjunto que não só envolveu a coleta de dados, mas também a análise crítica e a interpretação das realidades indígenas a partir de suas próprias vozes. Esse processo de coautoria foi fundamental para garantir que as narrativas das comunidades estivessem no centro da pesquisa, permitindo uma compreensão mais genuína e profunda da realidade das infâncias indígenas.
Os relatórios gerados não são apenas um conjunto de informações, mas sim um instrumento importante para a formulação de políticas públicas que atendam às necessidades reais das crianças indígenas. O conhecimento produzido ajudará a embasar ações que busquem garantir os direitos dessas crianças, respeitando suas culturas, suas histórias e suas formas de vida. Além disso, o processo colaborativo estabelecido nesta pesquisa se torna um modelo para futuras investigações que busquem integrar as comunidades indígenas como protagonistas do processo de construção do conhecimento.
Além disso, a pesquisa se destaca pelo processo colaborativo e participativo que permeia todo o trabalho. A coautoria de pesquisadores indígenas e não indígenas não apenas resultou em um produto mais plural e justo, mas também estabeleceu um modelo para futuras investigações que envolvem as comunidades indígenas como protagonistas no processo de construção do conhecimento. Isso representa uma mudança significativa no campo da pesquisa social, onde as comunidades não são apenas objeto de estudo, mas também participantes ativas e centrais na produção do saber.
Para garantir a máxima transparência e acessibilidade, todos os produtos gerados durante o projeto estarão disponíveis no site do Projeto, onde o público poderá acessar e explorar os relatórios, documentos e a Biblioteca Virtual. Isso permite que o conhecimento gerado seja amplamente compartilhado, disseminado e utilizado por todos que trabalham em prol da garantia dos direitos indígenas, além de abrir um espaço para que novas pesquisas e reflexões sobre as infâncias indígenas possam se desenvolver.
Este trabalho representa, sem dúvida, um marco importante na forma como a pesquisa social pode ser conduzida de maneira mais inclusiva, respeitosa e sensível às realidades das comunidades que investiga. Foi uma honra coordenar este projeto ao lado de uma equipe tão qualificada, comprometida e generosa. Agradeço profundamente a todos os pesquisadores que se dedicaram a essa jornada, e espero que os resultados deste trabalho não apenas ampliem o entendimento sobre a realidade das infâncias indígenas, mas também contribuam para um futuro mais digno e justo para essas crianças e para todas as comunidades indígenas no Brasil.